PENELOPE
Todos aqueles que ambicionam
ser amantes estão em Ática!
Os amantes verdadeiros, não sei
onde se encontram…
Para trepar uma oliveira, talvez,
para algures, vislumbrar a coroa
verdadeira.
Em Ática,
as oliveiras são intemporais e como
glória da ilha, não sonham com
as alturas nem receiam a morte.
Sendo breve,
perante a imortalidade são serenas,
bastando-lhes o prazer que os seus
gigantescos troncos sentirão quando
cercados pelo desejo de serem tálamos.
Para escalar as ondas do mar, quem
sabe, para me levarem a essa glória
última…
Eu temo o baixo intelecto dos mares
do mundo que me arrastarão para
a pequena Ática através da terra…
Que, nunca aceitará tornar-se mar
aflorando a inveja como um mastro
ameaçador, abençoado por Neptuno
que traz prosperidade e bons ventos
a Ática, tornando-os na suposta coroa.
Para desviar a minha cara dos céus
e rezar por o amante verdadeiro.
O céu nasceu em Ática!
E, no momento em que se expandiu
foi cruelmente humilhado, enraivecido
pela devoção, foi espectáculo para
Neptuno… que assistia numa jangada
cheia de cínicos e almas mesquinhas
que dominam os céus com uma virtude
brilhante para os mortais comuns que,
cegarão com o ódio dos nevoeiros
que também sonham ser leito.
Para abraçar o horizonte, e talvez,
por um momento só, que seja,
roçar na coroa verdadeira.
Os acompanhantes adormecidos
indiferentes às negras profecias
de Tróia, despertarão das mãos
delicadas de mulheres bonitas,
amaldiçoando o sono e os sonhos
que quase os impediu de serem…
Que mais?... feios velhos,
ansiando por uma orgia.
Ficando assim, à espera de um
vento morno do Mediterrâneo
que talvez me mostre, o rumo
que tomou o navio de Neptuno.
Desesperando Penélope…
- Não façam tamanhos erros!
Todos os ventos são frios
E, só se dirigem para Tróia.
E lá,
fortes rodopiarão, aprisionando-vos
se ficarem na companhia de belezas infiéis
e coroarão o sobrolho do mundo
como uma insígnia demoníaca e calamitosa
e o mundo sofrerá outra vez por causa de Tróia!
Respirará as cinzas da destruição…
Agirá ferozmente…
E tomará as virgens…
Julgo-os, muito a sério, acompanhantes
perigosos que continuarão a reclamar-me
como aos homens impuros que viraram costas
a Tróia em chamas, por estarem mais
enfeitiçados pelos ventos da solidão de uma
mulher só, e, dispersos por um horizonte
inconsequente que absorveu as consciências
do mundo para culminar nestas desgraças
perfeitas.
A bem dizer,
e também para envolver-me neste escândalo,
para que de mim não pensem o pior, gostaria
de dizer-lhes francamente, que estes pretensos
amantes que colonizaram Ática, como os mares
fizeram com a alma de Neptuno, têm caras
tão pouco masculinas, como se tivessem sido
lavadas de toda a sua expressividade, ficando
tão pálidas como o pó…
Eles não podem enfrentar
a feminilidade de Penélope.
Tradução Livre de
MARIA JOVITA CAIRES