Greek Poet ILIAS FOUKIS

Greek Poet      ILIAS   FOUKIS
Poetry is the voice of the Gods

Monday, October 29, 2012

VIAGEM DE JESUS CRISTO Poema de ELIAS FOUKIS












 VIAGEM DE JESUS CRISTO



De todos os sonhos em cujo fundo
reinava o fatalismo e a desgraça
não posso no entanto esquecer um
que começava com a Volta ao Mundo
no ponto geográfico onde nasceu o Amor
e acabava no instante em que homens se odiavam entre si.


De modo inteiramente natural
dei começo à caça ao Ódio
mas em pouco tempo esse refrigério transformou-se em incomodidade
uma vez que acabava de ler
a «Dialéctica de Moisés»
e tinha que tranquilizar os meus próprios fantasmas
a propósito da angústia que sentia Moisés
por a essência da História
que julgada pelo modo como os ventos
tocam as janelas de Jerusalém
não parece nada trágica.


Mas parece-me que Moisés
cujos pensamentos o ar propagava pelo deserto
se apressou um pouco.


As janelas de Jerusalém
só viram apenas ídolos.

Eles não constituíam perigo algum para a Cidade
mas ao não serem perigosos
eram incorrigíveis
e assim podiam agitar as consciências dos cidadãos
sobre a ética dos Heróis
onde após a escravidão das almas dos homens
começou a alongar-se a nuvem da suspeita
de que afinal não tinham libertado ninguém.


E tão grande era a confusão
da Gente que se tinha posto quase íntima de Deus
que a outonal nudez do Monte Sinai
se vestiu com o ímpeto de todo o Povo
que marchava para o castigo transmudando em pó
a Sorte que o Destino lhe tinha prometido.


Tanta desolação deixada para trás bastava
para deixar claro o que alguma vez
fora um fantasma…


Tão-somente redimidos da embriaguez
                 do carácter Divino
os visionários da Dialéctica
baptizada pelo vento cálido e pela Alma
viram que o Céu não estava presente em nenhum lugar.


À sua volta havia apenas Mundo
para não dizer Roma…
                   poder…
                   fria lógica…


Isso bastava portanto para afastar-nos
de vós e da terra.


Em outro mundo já não
tinha como controlar
se Jerusalém se mudava para o Inferno
                ou para o Paraíso
pois Jerusalém já não poderia saber
que com o ódio perante mim
o meu Olhar que se arrasta pelos Céus
tal como segue o meu corpo pela Terra
continuará a conceber sonhos
para trazer perante os olhos vazios do Mundo
o infeliz passado do Idealismo Branco.


Por isso não há nenhuma esperança
porque tudo é muito nebuloso
e de tudo será o mais terrível.


As Santas Escrituras começaram a caminhar pela Terra
negando-se a caminhar a pé com o mundo
desde que os Passos do Mundo
se tornaram imperiais
e a noite que está a ponto de cair sobre o Mundo
todos esses jogos nada sérios
de suspeitas e elucubrações
passará por Lendas Negras
nas margens do rio Jordão.


Portanto
só uma coisa será certa
no Sonho que tive.


O seu curso não pode conter
em ondas sem mistério
sinais e sombras da vida após a morte.


A morte tem frios objectivos
de modo que o que se poderá ver unicamente no mundo
será o Povo Castigado
que como quis dizer-vos mais acima
atravessará a História
tendo diante de si o Deserto
no seu eterno lugar
buscando explicações do retorno do Idealismo
do rio Jordão…
e se não me engano muito
nem mesmo esse terá direito a regressar
exactamente tal como acontece com os outros seres
que não pertencem a nenhum Deus.


Trad. de Amadeu Baptista